Resumo
O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é estratégico na ampliação do acesso à assistência em saúde e a prevenção. Durante uma pandemia, a vigilância necessita conhecer práticas locais e os saberes ancestrais de uma comunidade, ainda que o modelo biomédico hegemônico atrelado aos interesses capitalistas exclua outros saberes. O objetivo deste estudo é identificar e analisar os saberes que compõem o processo de trabalho do ACS. Baseada na Ecologia de Saberes, uma pesquisa com grupos focais foi desenvolvida em 2 estratégias saúde da família no município de Caucaia/CE. Identificou-se uma sobreposição e a abdicação de saberes ancestrais para reforçar a legitimidade dos ACS como equipe de saúde. O desejo de ampliar a resolutividade de suas atividades só parece poder ser aceito a partir da formação em enfermagem e a abdicação dos saberes populares. Concluiu-se que atuação por estratégias educadoras reguladoras distanciou o ACS do objetivo real de seu trabalho. O afastamento do modelo adotado pela comunidade e a não ampliação de sua participação na equipe de saúde se configura num conflito. A Ecologia dos Saberes pode permitir a coexistência de diferentes percepções e a confrontação do saber hegemônico, propiciando a reconciliação entre os saberes, com novas articulações no modelo de prevenção em uma epistemologia que viabilize um novo modelo de vigilância.
Palavras-chave: Agente Comunitários de Saúde, Condições de Trabalho, Vigilância em Saúde do Trabalhador; Ecologia de Saberes