Ecologia de saberes e território: integração do ACS e do ACE na Atenção Primária à Saúde

Resumo

Contextos de vulnerabilidades e de riscos socioambientais, que afetam grupos sociais gerando adoecimentos e agravos à saúde, demandam ações de vigilância e atenção cada vez mais articuladas e integradas no território. No SUS temos o agente comunitário de saúde e o agente de combate a endemias como atores estratégicos para o processo de territorialização, os quais, quando integrados na APS, podem contribuir na identificação de vulnerabilidades sociais e de riscos ambientais, bem como no desenvolvimento de ações de comunicação e prevenção da saúde. Nesse sentido, o objetivo do estudo é compreender as convergências no processo de trabalho dos ACS e ACE à luz da ecologia de saberes, que reconhece no encontro plural de saberes a base para a intervenção na realidade. Para tal, realizamos uma revisão integrativa com base em análise documental, leis e portarias ministeriais; e, em periódicos disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde, através das bases LILACS, MEDLINE, Scielo e ColecionaSUS. Foram observados avanços no sentido das diretrizes políticas para a integração do trabalho desses profissionais, experiências de integração em diferentes cenários, principalmente na atuação conjunta no enfrentamento às arboviroses; também foram apontados desafios e fragilidades, como a necessidade de capacitações, vínculos precários, ausência de coordenação para o trabalho integrado. Concluímos que para compreendermos a integração dos ACS e ACE, faz-se necessário a observação do trabalho desenvolvido por ambos em territórios comuns e seus fazeres convergentes, os quais oportunizam um encontro de saberes mediados pela saúde, sendo a Atenção Primária locus da ecologia de saberes.