A sobrevivência ao câncer no Brasil
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Palavras-chave

Câncer
Sobrevivência
Gestão
Pesquisa Qualitativa

Como Citar

Cheriff dos Santos, A. T., Lopes Tavares Lima, F., de Almeida, L. M., & Magalhães Bosi, M. L. (2025). A sobrevivência ao câncer no Brasil: perspectiva de gestores. Tempus – Actas De Saúde Coletiva, 17(1), 58–77. https://doi.org/10.18569/tempus.v17i1.3086

Resumo

Os setores público e privado brasileiros compartilham dificuldades para atender às necessidades do sobrevivente ao câncer.  O objetivo deste artigo é compreender as definições e percepções de gestores de unidades hopitalares públicas e privadas especializadas em oncologia a respeito das questões gerenciais aplicadas à sobrevivência ao câncer no Brasil. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado em duas instituições públicas e duas privadas no Rio de Janeiro e em Fortaleza. Entrevistou-se os quatro gestores dessas instituições abordando a conceituação de sobrevivência ao câncer e o modelo de seguimento dos pacientes no período de pós-tratamento. Utilizou-se da técnica de análise temática do conteúdo alinhada com uma abordagem interpretativa crítica. Os resultados foram discutidos nas categorias Caracterização da sobrevivência ao Câncer; Fragmentação do cuidado ao sobrevivente ao câncer e; Modelos e limites de financiamento de ações e serviços. A conceituação difusa e polissêmica sobre a sobrevivência caracteriza parte da dificuldade de organização de ações de enfrentamento desse problema. A ausência de informações claras e de uma política pública que destine recursos específicos, também contribui. Ações para resolução do quadro incluem uma melhor descrição sobre quem são os sobreviventes, a definição de responsabilidades entre os diferentes níveis de atenção, o aprimoramento de ações intersetoriais, a adoção de financiamento específico e o aperfeiçoamento da relação entre os setores público e privado. Com isso, espera-se que haja o atendimento da integralidade das necessidades dos sobreviventes do câncer, de forma a garantir o seu direito à saúde e à qualidade de vida.

https://doi.org/10.18569/tempus.v17i1.3086
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