Resumo
Invisibilizadas em diversos aspectos, as doenças negligenciadas estão diretamente relacionadas a situações de pobreza e são perpetuadas por elas, atingindo cerca de um sexto da população mundial. Estas doenças de caráter endêmico são alvo de negligenciamento também pela mídia, que, de modo geral, as silencia. O objetivo do estudo foi mensurar o grau de influência que uma assessoria de imprensa de uma instituição pública de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde pode exercer na mídia e, por consequência, perante a opinião pública a partir de sua atuação. Foi realizado um estudo de caso com base em estratégias de assessoria para divulgação da nova fase de uma vacina contra a esquistossomose e a partir desse fato, mensurou-se o nível de alinhamento entre o press release elaborado pela instituição e o conteúdo jornalístico veiculado em meio impresso em todo o Brasil, buscando-se aproximações e distanciamentos entre os discursos produzidos e reproduzidos. Os resultados evidenciaram a abordagem e circulação de fatores socioeconômicos da doença em destaque perante aspectos técnico-científicos e biomédicos, normalmente privilegiados nessas narrativas jornalísticas. O estudo conclui que o uso estratégico das assessorias pode ser favorável não só às demandas institucionais, mas também às pautas sociais, e que pode haver interesses diversos nas escolhas de atores e fatores silenciados nesse processo noticioso. Além dos aspectos quantificáveis, a análise tomou como referências o conceito ampliado de saúde, a atuação do SUS e a relação dos determinantes sociais da saúde com as doenças negligenciadas.Referências
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